Lembro-me perfeitamente dos meus pais terem a idade que eu tenho agora e, meu Deus, como somos tão diferentes!!
Pensei que aos 39 eu já iria pensar como uma "adulta"... não iria apreciar a música de hoje em dia... iria eleger o telejornal como o meu programa de televisão preferido... iria passar a usar saias travadas e o cabelo mais curto, como as senhoras usam... iria preocupar-me em manter a casa sempre a brilhar e a roupa sempre impecavelmente passada... iria sentir na pele a generation gap com a minha filha...
Mas aos 39 anos a Sweet é tudo menos o que pensou!
No meu tempo de adolescente não havia internet. Fã de música que se prezasse guardava religiosamente todos os escudos que sobravam do lanche para comprar a revista Bravo para poder recortar fotos dos cantores do momento; nem sequer era para ler as notícias que eram em alemão, era só para ter umas fotos e alguns posters.
Hoje, o milagre da net, do facebook, do twiter, do instagram, colocam-nos mais perto das pessoas que admirámos como nunca sonhámos que fosse possível, quase como que a partilhar momentos com pessoas inalcançáveis.
No meu tempo de adolescente quase tudo o que eu gostava de ouvir era olhado de lado pelos meus pais porque só no tempo deles é que se fazia boa música. Ainda hoje eles pararam no tempo dos Beatles, dos ABBA e dos Queen. O rádio do carro do meu pai ainda hoje está permanentemente sintonizado na TSF e o conceito de CD's é nulo.
Hoje, continuo a gostar do que gostava no meu tempo de adolescente (Bon Jovi forever), mas gosto de me manter atualizada e adoro que a minha princesa partilhe comigo o que de melhor se ouve hoje em dia. A rádio do emprego está o dia inteiro sintonizado na música da Comercial e no meu carro ouve-se música que adoramos aos berros.
No meu tempo de adolescente os meus pais faziam o que era politicamente correto. Os dias de aulas eram sagrados e as notas dos testes o ponto alto das nossas conversas; e apesar de adorar os meus pais, senti imenso a generation gap.
Hoje claro que me interesso pelo aproveitamento escolar da minha filha, ela é boa aluna e, para já, não me dá dores de cabeça nenhumas . Mas interesso-me muito mais por conhecê-la inside-out. Fazê-la sentir que é especial e que pode ser absolutamente tudo o que ela quiser. E é por ela ser tão responsável e boa miúda que merece tudo.
No meu tempo de adolescente era impensável sequer pensar em pedir aos meus pais para faltar às aulas fosse por que razão fosse.
E hoje, aos 39 anos, quando eu já devia pensar como uma "adulta", dou por mim a viver através da minha filha o que gostava de ter vivido nos meus tempos de adolescente mas que não vivi porque simplesmente no meu tempo não era assim.
Então, a mãe "adulta" vai meter-se no comboio em maio rumo a Lisboa com a filha adolescente para lhe realizar o sonho de ver ao vivo os 5 SOS que tem o baterista mais fofinho de todos os tempos.
Foi a mãe "adulta" que incentivou a filha a aceitar o convite, mesmo significando sacrificar 2 dias de férias da mãe e de aulas da filha. Porque a filha merece e porque a mãe sabe que ela queria ainda mesmo antes de ela o saber!
Hoje no meu carro e no meu telemóvel só se ouve 5 Seconds of Summer... porque gostamos, porque a música é da boa, barulhenta qb como eu gosto... porque um concerto para ser vivido ao máximo tem de ser cantado, gritado e saltado do início ao fim e para isso, só conhecendo bem as músicas... porque eu nunca vou esquecer a adrenalina que senti no meu primeiro concerto à séria quando tinha 33 anos (Bon Jovi) e porque quero sentir isso outra vez e quantas mais vezes puder.
E quando eu digo à princesa que a minha mãe nunca teria feito isto comigo, ela diz-me "Mas tu não és a tua mãe, tu és a minha mãe!". Quando eu digo que devia ser mais "adulta", mais mãe do que amiga, ela diz-me "Não deixes de ser assim, adoro-te como és!"
Se calhar, aos 39 anos, eu já devia ser adulta, mas não sou. Sou simplesmente o que dentro de mim acho que devo ser. Assim. Sem filtros!