Páginas

sexta-feira, 27 de julho de 2018

Não o conseguiria dizer melhor


É como se alguém tivesse aberto a minha mente e tirado estes sentimentos cá para fora para os pôr por escrito. Anseio pelo dia em que a última frase esteja devidamente esculpida nesta nova Sweet...

I had taken the steps: thrown away my scale to stop weighing myself; stopped working out for punishment (stopped working out at all because my mind was not ready to reintroduce it yet); stopped counting calories and removing entire food groups; removed myself from the diet talk. And yes, I did gain weight, because my body was fighting so hard to be where it was that it was taking up every single bit of my being to sustain it. And when I stopped, my body stopped trying to be that way too.
I was saying 'yay, self love!', but I was feeling 'omg what have I done, I failed my body, I let myself go...' Those were the voices of my limiting beliefs and I knew them all too well. But when you learn to recognize them, it's only a matter of time until you are able to conquer them. It's funny how you evolve when your existence becomes about feeling the joy that already lies within instead of the search to find the things to make you happy.
Allison Kimmey

Fiz os passos todos: deitei fora a balança para parar de me pesar; parei de fazer exercício como forma de punir o meu corpo (parei de fazer qualquer tipo de exercício porque a minha mente ainda não estava pronta para o reintroduzir); parei de contar calorias e de retirar grupos alimentares inteiros da minha alimentação; deixei as auto-conversas de dietas. E sim ganhei peso porque o meu corpo estava a lutar tanto para se manter onde estava que estava a consumir toda a minha energia para o manter. E quando parei, o meu corpo também parou de se comportar dessa maneira.
Eu dizia 'yey amor próprio!', mas sentia 'meu deus, o que é que eu fiz, estou a falhar com o meu corpo, estou a deixar-me ir...' estas são as vozes dos meus pensamentos limitadores e conheço-os muito bem. Mas quando aprendes a reconhecê-los, é só uma questão de tempo até que consigas conquistá-los. É engraçado como evoluis quando a tua existência se concentra mais em sentir a alegria que já tens dentro de ti em vez de tentares encontrar coisas que te façam feliz.

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Looking back



Até sensivelmente ao nascimento da minha filha eu tinha zero preocupações com o meu corpo e a perceção que eu e os outros tinham dele.

Não me importava minimamente com a opinião dos outros. Não tinha absolutamente cuidado nenhum com a minha alimentação. Não se passava um único dia sem comer fast-food ou pastéis e bolos, sem qualquer tipo de auto-controlo. Água, legumes ou mesmo exercício físico eram miragens na minha vida.

Mas eu sentia-me bem... A imagem que o espelho me devolvia (quando me lembrava de olhar ao espelho) não me incomodava. Quer dizer, sabia que estava grande, sabia que a roupa ficava constantemente mais apertada, comprar roupa era uma odisseia, mas nada disso me afetava.

E depois de 2 anos de tentativas frustradas a minha filha nasceu. Nunca ninguém me disse que o excesso de peso afetava a fertilidade, teria sido esse o meu ponto de viragem, se o tivessem dito. Tudo o que eu mais queria na vida era ser mãe.

Ela nasceu e eu sabia que tinha de parar ali. Tinha de a educar em condições. Tinha de lhe incutir desde cedo hábitos saudáveis e para isso, tinha de mudar radicalmente os meus hábitos para tornar aquele ser perfeitinho na melhor versão possível.

E comecei a olhar mais atentamente para o espelho, desta vez com outros olhos e comecei a ver todos os defeitozinhos do meu corpo. E eram muitos.

E foi uma volta de 180º. Tudo o que não me preocupava até ali, passou a preocupar-me. Os braços rechonchudos, as coxas que abanavam com cada passo, a barriga cheia de estrias reluzentes e os seios tão flácidos para a minha idade... A roupa apertada sufocava-me e era com muita vergonha que comprava "roupa de velha" porque as lojas "normais" não tinham o tamanho que eu usava.

E se antes não me importava minimamente com a opinião dos outros, passei a observar constantemente os olhares alheios e a achar que todos olhavam para mim e me julgavam (como se as pessoas não tivessem mais o que fazer). Muitas foram as vezes que eu olhei em volta para ver se era a pessoa maior na sala. E de todas as vezes me convencia, envergonhada,que sim.

E fui ficando cada vez mais insegura com o meu corpo, ao ponto de me ter convencido que só poderia ser feliz se perdesse peso. E para perder peso, teria de me sentir desconfortável com o meu corpo. Foi este o meu veredito para mim própria.

Assim, passei estes últimos 16 anos numa batalha comigo, a olhar (pouco) para o espelho e a dizer-me a mim própria "Ainda não estás bem. Esses braços ainda estão rechonchudos, essas coxas ainda abanam muito, essa barriga com estrias e esses seios cada vez mais flácidos. Ainda não podes gostar de ti assim..."

Perdi peso, atingi finalmente os tão almejados sweet 68 (vitória!vitória!), mas obviamente a felicidade não estava no potinho ao lado dessa grande vitória... daahh, claro que não!

Ganhei algum peso de novo, mas juntamente com ele fui recuperando um pouco de amor próprio e fui deixando para trás uma obsessão que quase me atirou para o abismo.

E continuei a ganhar algum peso aqui e ali, mas desta vez com a certeza de que já não estava a entupir o meu corpo de porcarias. Ele está maior sim, mas nunca ninguém disse que o nosso corpo tem de ficar igual durante a nossa vida toda e muito menos comprarável ao que as revistas nos querem fazer convencer. Ninguém consegue competir com o photoshop, certo?...

Há dois meses resolvi abraçar a corrente de body positiveness. E tenho aprendido tanto...

Aprendi finalmente que posso amar o meu corpo independentemente do tamanho dele.
Aprendi que não preciso de estar em guerra com o meu corpo para me "obrigar" a cuidar dele.
Aprendi que ninguém perde um minuto do seu tempo a julgar-me, as pessoas têm os seus próprios problemas.
Aprendi que os meus braços rechonchudos dão os melhores abracinhos do mundo, as minhas coxas fartas levam-me a dar passeios maravilhosos, os meus seios flácidos alimentaram a minha pequenina durante um ano inteirinho e a minha barriga com estrias foi o ninho dela durante 9 meses.
Aprendi que não há nenhuma alegria do outro lado da perda de peso que não possa sentir já a partir deste preciso momento.
Aprendi literalmente a passear na rua de cabeça mais erguida e de sorriso no rosto porque me sinto melhor comigo própria, não me sinto tão acanhada e insegura e isso vale por tudo!!

Portanto esta história foi um reviravolta de 360º. Voltei ao cultivo do self-love inicial, mas com a autoconsciência de tudo o que aprendi ao longo dos anos. Passei por muito, mas no fim considero um balanço bem positivo.